Se auto denominam hiaitsiihi (categoria de seres
humanos/corpos diferentes dos brancos e dos demais índios). São conhecidos pelo
sistema vasto de nomeação que recebem, diretamente ligado com a cosmologia,
sendo que antes mesmo de nascer já recebem um nome, acreditando que esse é o
responsável pela formação do corpo, após o nascimento eles passam por
diferentes nomeações de seres que habitam camadas superiores e inferiores, os
mesmos que são responsáveis pela criação da alma e do destino de cada um, até mesmo
dos inimigos de guerra. São descendentes dos Mura e vários fatos históricos os
ligam diretamente, é muito difícil falar de um sem falar do outro, sendo que
consideram os Pirahã os descendentes modernos dessa civilização. Hoje contam
com cerca de 420 indivíduos, de acordo com um senso feito pela FUNAI em 2010.
Os próprios Pirahã
se referem a sua língua como Apaitsiiso (aquilo que sai da cabeça), que é
classificada na família linguística Mura. É uma língua tonal, pois pode ser
comunicada de várias formas possíveis, como assobios, gritos, entre boca e
qualquer forma que a situação pedir. Os gritos são normalmente utilizados para
comunicação em viagens marítimas, sendo mais fácil alcançar a outra canoa
quando gritam. Os assobios podem ser utilizados na mata, para não trair sua
posição. A maioria dos homens entendem o português, mas não o pronunciam bem,
utilizando palavras no próprio dialeto para se expressar com os regionais, ao
contrário das mulheres, que não entendem e muito menos sabem pronunciar o português.
Os primeiros
contatos com o homem branco é datado apenas em 1920. São retratados como índios
pacíficos, mesmo com toda invasão de território que sofreram e todo o abuso que
o homem civilizado infringiu a eles. Apesar de todo o contato, eles ainda conseguem
manter a cultura tradicional, sem prejuízo dos conhecimentos ancestrais. Os
Pirahã estão localizados no Amazonas, mais especificamente nas margens do rio
Marmelos, que é de grande importância em relação a ocupação das terras, pois
esse rio tem as épocas de cheia e de seca, o que influência diretamente no
local ocupado pelos Pirahã. Subindo o Rio Maci encontra-se uma das principais
praias de habitação, pois dão acesso aos dois rios. O território dos Pirahã
acabam de encontro com o Rio Sepoti. Essa demarcação de terra foi feita em
1994, somando as regiões temos uma marca de aproximadamente 400 mil hectares em
um perímetro de 410 quilômetros.
A organização social
deles é feita baseada nas duas épocas climáticas bem delimitadas daquela
região. Eles vivem em diversos agrupamentos, em duas áreas diferentes, uma no
alto e outra no baixo Maiti, mudando de região e agrupamento dependendo da
estação atual. Os diversos agrupamentos feitos nessas duas regiões são
distantes uns dos outros, sendo independentes entre si, havendo pouco ou quase
nenhum contato entre residentes de um agrupamento com o outro. Todas as
relações sociais, como casamentos e rituais são feitas dentro do próprio
agrupamento.
A cosmologia é algo
muito interessante e é representada de modo estratigráfico, que são camadas de
terra uma encima da outra, produzindo diversos planos paralelos que não tem
comunicação um com o outro. Todos os patamares são designados como migi
(terra), mas são diferenciados pelas estruturas morfológicas e pelos seres que
os habitam. Os próprios Pirahã não sabem dizer quantos patamares existem, mas
entram em um consenso que o mínimo de patamares para existir essa cosmologia
são cinco. Os seres humanos estão no meio desses patamares e são chamados de
ibiisi. Uma das características peculiares desse povo é a nominação, eles
recebem nomes desde o ventre até a morte, cada nome representando e sendo
responsável por uma das camadas, sendo responsável pela alma, destino em vida e
até o destino após a morte de cada ser.
Os rituais tem como
objetivo o contato com o sobrenatural e são subdivididos em dois grupos:
xamanismo e festa, o primeiro é um ritual privilegiado pela sociedade quando o
segundo é considerado apenas algo complementar. Com o Xamanismo eles conseguem
contato com as camadas superiores e inferiores, conseguindo novas nomeações e
contato com os mortos. O objetivo das festas pequenas é fazer barulho para
atingir a segunda camada, pois é lá que Igagai se encontra e os Pirahã tem
muito medo de não serem ouvidos e encontrados por essa divindade por ser o
responsável pela destruição do mundo pelo fato de não conseguir encontrar esse
povo. Os rituais normalmente são feitos em noite de lua cheia por estar ligada
com Igagai.
Um pouco da história deles:
Para mais informações acesse:
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