A Dança e a Música indígena.

 

Com cantos e danças, povo Khĩsêtjê comemorou 20 anos da demarcação da Terra Indígena Wawi


  A música e a dança, poderosas linguagens universais, são tidas como ferramentas de comunicação desde épocas muito remotas da história da humanidade. Dentre os hebreus, egípcios, romanos, gregos e demais povos, encontramos diversos significados para essas manifestações, sendo elas tidas como sagradas ou profanas, para celebrações ou preparações do espírito para a guerra. Com as culturas indígenas, brasileiras ou não, isso não seria diferente.

  Analisando diretamente as populações indígenas brasileiras, a música e a dança detêm uma grande influência em sua vida social, em seus rituais e crenças. De acordo com diversas pesquisas históricas realizadas, antes da colonização do Brasil, existiam cerca de 2 milhões de indígenas em nosso território, cada nação composta de crenças e rituais religiosos diversificados. Dotados de um imaginário intimamente ligado com a natureza, o poder e o misticismo encontrados em nossas exuberantes florestas, esses rituais demonstram o poder que a voz, o corpo, os instrumentos musicais e toda a história de suas crenças têm no decorrer do tempo.

  De acordo com texto escrito por Lúcia Gaspar, As danças indígenas podem ser realizadas por um único individuo ou em grupo e, salvo raras exceções no alto Xingu, não é executada em pares. As mulheres não participam de danças sagradas, executadas pelos pajés ou grupos de homens”. Essas danças são recheadas de simbolismos mágicos, amuletos e instrumentos musicais que assumem seus significados de acordo com os objetivos da cerimônia realizada. Não podemos esquecer que coreografias, cantos, formas diferentes de entoar a voz, organizações estéticas e até mesmo as pinturas corporais, assumem um lugar fundamental na execução desses rituais.

  Dentre todas as danças indígenas existentes em nossa cultura, podemos destacar:

  • Toré:

Pankararu – Recife – 2014 Mascaras Praiá na dança do Toré.


  É uma expressão espiritual-religiosa muito importante para os indígenas da região Nordeste do Brasil, atualmente sendo utilizada também em movimentos étnicos e políticos. Ritual composto por uma dança circular, realizada em filas ou pares, acompanhada por cantos e maracás (chocalho indígena), pode ter variações em seus cantos e ritmos dependendo do povo que o realiza.

  Lúcia Gaspar, em seu texto nos relata que o Toré é uma “Expressão emblemática da identidade, cultura e religiosidade dos índios da região, é composto por música, dança, ingestão de bebida – normalmente a jurema, feita com cascas e raízes de espécies botânicas capazes de causar alterações de consciência e percepção –, além de transe mediúnico, onde os participantes fazem contato com seres espirituais, antepassados ou não”.

  Para ficar ainda mais claro, deixo vídeo demonstrando o Toré para vocês:



  • Kuarup:

Kuarup no Xingu 


  Ritual que tem como objetivo celebrar a memória dos mortos ilustres, o Kuarup é realizado pelos índios da região do Xingu. Centrado na figura de Mawutzinin, o demiurgo e primeiro homem do mundo dessa mitologia. Em seus primórdios, o Kuarup seria realizado para trazer os mortos de volta à vida. Nesse ritual, o tronco da madeira Kuarup, é tido como a materialização concreta do espírito dos mortos. Diferente do que temos como cerimônia de finados, para eles esse é um dia de comemoração e alegria, onde as melhores vestimentas devem ser utilizadas.

  Com o vídeo a baixo temos uma demonstração:



 Ainda poderíamos citar outros exemplos como: a Dança da Onça, Dança do Jaguar, Atiaru, Buzoa, entre outras. Para quem quiser se aprofundar mais no assunto que foi abordado de maneira bem rápida e introdutória, deixo de sugestão os textos utilizados para a realização desse artigo. Para finalizar, deixo mais um vídeo bem bacana sobre as danças e músicas indígenas brasileiras:



Fontes:

  GASPAR, Lúcia. Danças indígenas do Brasil. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: < http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: 14 abril 2021.

  GASPAR, Lúcia. Toré. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/>. Acesso em: 14 abril 2021.


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