O Muiraquitã, fetiche de pedra dura e esverdeada que os índios prezavam muito e traziam dependurado ao pescoço, é um dos achados amazônicos que mais curiosidade despertam nos seus primeiros exploradores. Curiosidade não só porque aqueles pequenos objetos pareciam ser feitos de jade, minério de que não se acusavam jazidas na região, mas também porque eram caprichosamente trabalhados, sempre muito bem polidos e, às vezes, até ostentando formas de animais, rãs principalmente, o que emprestava aos seus fabricantes um alto grau de cultura, bem em contraste com o evidente atraso das tribos que ali vivam na ocasião.
Por isso, não tardaram em aparecer várias suposições que lhes procuravam explicar a origem, desde a lenda ouvida entre os índios de que os muiraquitãs eram feitos de um barro especial, retirado do fundo de certa lagoa e capaz de endurecimento rápido pela exposição ao ar, até a hipótese de Barbosa Rodrigues que os tinha como prova inconcussa da proveniência asiática dos ameríndios, uma vez que não havia diferença entre os nossos amuletos e os que eram fabricados pelos povos de Burma e do Turquestão.
Se a história contada pelos índios era inverossímil, não deixava de ser bonita. Assim, diziam eles que, em certa época do ano, as Amazonas se reuniam à beira do lago Jaciuaruá ou Espelho da Lua e aí faziam uma grande festa à mãe dos muiraquitãs, que nele habitava um palácio encantado. Era então que as Icamiabas, já sob a luz do luar, mergulhavam nas águas límpidas do lago e iam receber, da mãe das pedras verdes, o barro mole com que desveladamente trabalhavam os seus muiraquitãs, até que o calor do sol chegasse para os consolidar definitivamente. Essa festa coincidia com a vinda anual à tribo das Amazonas dos seus maridos fortuitos, e aos índios, que no consórcio anterior lhes tinham dado uma filha, elas ofereciam o amuleto que acabavam de modelar."
Hiléia Amazônica - Gastão Cruls. Páginas: 238 e 239
Há muitas controvérsias sobre a origem desse amuleto e sobre a sua função, alguns dizem que era usado pelas índias pra afastar doenças e infertilidade já em algumas lendas eles são presentes para os índios que lhe dessem filhas. Alguns pesquisadores defendem que essa é uma prova da origem asiática das antigas civilizações amazônicas, pois lá não existiam as jazidas de Jade ou até mesmo "inteligência" o suficiente para trabalhar esse tipo de material. Só que mais pra frente essa teoria foi descartada pois um pesquisador, Simoens da Silva, confirmou a existência desse mineral em Amargosa (BA) e peças também foram encontradas em Campinas (SP), Piuí (MG), Pinheiros (RJ), Óbridos (PA) e Olinda (PE).
Versões da Lenda
A versão mais conhecida é que as Icamiabas, conhecidas como Amazonas, anualmente faziam uma festa para Iaci, que é a divindade mãe do Muiraquitã, onde índios das aldeias dos Guacaris, que era a tribo mais próxima, viam e mantinham relações sexuais com as índias, as filhas eram poupadas e deixadas pra aprenderem os ensinamentos das mães enquanto os meninos eram sacrificados em homenagem a Iaci, para presentear os índios as Icamiabas entravam em um lago encantado e retiravam lá do fundo a matéria prima para a confecção dos muiraquitãs, ou até mesmo eles já pré moldados, que quando entravam em contato com o ar já endureciam. Eles seriam utilizados como amuletos para os guerreiros. Traziam felicidade, sorte e cura pra quase todas as doenças.
Considerado como um verdadeiro amuleto da sorte, é de cor verde por ser confeccionado em Jade.
Algumas outras lendas dizem que não necessariamente o amuleto precisava ser entregue nessa festa para Iaci, que simplesmente a índia poderia entrar no rio e com a matéria prima moldar um Muiraquitã para o seu amado, trazendo proteção nas caçadas.
Ainda hoje muitas pessoas acreditam no poder de cura e proteção desses amuletos, mas poucos são encontrados em seu local de origem, estando a maioria em museus ou coleções particulares.
E também na obra de Francisco José Teixeira, O amuleto Perdido
Imagens de Muiraquitãs:
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