A
arte em cerâmica demonstra um nível de desenvolvimento estrutural e cultural mais
elevado dos povos indígenas que a utilizava, pois para carregar alimentos e
água, cestos simples de vime impermeabilizados com cera já atenderiam bem o
objetivo. De acordo com Karl von den Steinen, um
antropólogo alemão, as primeiras cerâmicas foram obtidas por esse processo de
impermeabilização, quando um índio pode ter esquecido um vaso com revestimento
de barro próximo ao fogo e por esse acidente ter descoberto a cerâmica. Alguns
historiadores não concordam com isso, pois a simples observação da natureza
poderia ter levado o ameríndio a essa conclusão. Seja qual for a forma pela
qual tomaram conhecimento, após a descoberta de que a argila poderia ser
moldada e se tornava mais resistente por isso, os índios não dispensaram mais a
utilização dessa técnica.
Após feito e cozido, o vaso ainda era muito
simples e precisava de decoração; assim vieram as pinturas ornamentadas, que
eram feitas pelas índias, como todo o trabalho de confecção das cerâmicas, onde
alguns povos ganharam destaque, entre eles os Marajó, que eram considerados
mestres na confecção de maravilhosas louças.
Mesmo depois de conhecida essa arte, muitas
tribos continuaram usando o cesto de vime com revestimento de barro, algumas
dessas tribos não tinham um alto grau de desenvolvimento e não conseguiam
assimilar a técnica; e se utilizavam esses materiais era por que os obtinham em
trocas. Alguns exemplos de tribos nossas que desconheciam ou ignoravam o uso da
cerâmica eram os Caiapós, os Botocudos e os Craós. Ao contrário dos Aruaques,
que foram os grandes oleiros de Marajó, cujos trabalhos eram encontrados em
várias tribos, estimulando também os outros índios a produzirem sua cerâmica
com maestria.
A arte da cerâmica exige muita paciência de
quem a pratica, tudo deve ser muito bem feito, a começar pela escolha do barro
até as substâncias que a ele são misturadas, como cascas de árvore, carapaças
de tartaruga e ossos; todos calcinados, podem ser utilizados também areia,
conchas e até pó de pedra. Mas muitos consideram que o grande passo foi tomado
quando tribos do baixo amazonas adicionaram o resíduo do Cauxi ao barro,
tornando a cerâmica muito mais resistente e aumentando a sua durabilidade.
A pintura normalmente era feita antes do
cozimento, utilizavam tintas vegetais ou minerais. Temos como exemplo o
vermelho obtido do urucu, para o vegetal; e as argilas de várias cores para os
minerais. Além dessa pintura, os povos da Amazônia costumavam vidrar a louça,
utilizando algum tipo de verniz, como a Jutaicica, por exemplo, isso dava um
fino acabamento para a louça.
Um processo bastante curioso de decoração
utilizado e encontrado tipicamente em Marajó, consistia em uma fina camada de
argila que era colocada no vaso; lá se moldava e era retirado o excesso até
chegar novamente na parede original, criando assim, desenhos em alto relevo.
Uma decoração mais modesta, mas muito utilizada, era feita com a ponta dos
dedos, causando ondulações na peça.
Além de todas as funções citadas, a cerâmica
também era utilizada para a fabricação de urnas funerárias.
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